Governança Corporativa para empresas familiares de pequeno e médio porte?

No caso de empresas de pequeno e médio porte, muitas vezes os fundadores e gestores desconhecem o termo “governança corporativa” e qual a sua importância. Mas o que vemos na prática, é que independente do porte da empresa, número de colaboradores, seu tempo de atividade ou tamanho do faturamento, a cultura da governança deve ser estabelecida desde o início para que problemas como conflitos de comunicação ou de interesses não atrapalhem seu bom desempenho e crescimento.

(por Marina Kim)

Para começar a tratar deste assunto neste artigo, vamos passar rapidamente pela definição de Governança Corporativa e seus princípios básicos.

“Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

Seus princípios básicos são: Transparência, Equidade, Prestação de contas e Responsabilidade Corporativa.”

Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa 5° ED – IBGC

Uma cultura de governança bem estabelecida e disseminada tende a melhorar o valor real e percebido da organização, o desempenho dos colaboradores e do ecossistema no qual ela está inserida, clarifica a comunicação entre todos os agentes envolvidos e facilita a tomada de decisões importantes. Ou seja, é uma base importante para um crescimento sustentável e menos doloroso, gerando valor para empresa, trazendo velocidade e resultando em longevidade.

Claro que existem exceções, entretanto muitas empresas familiares nascem pelo talento de um dos sócios, que por sua vez, tem um sonho grande, é cheio de energia, faz acontecer e realiza com excelência, porém, tem dificuldade com assuntos que se referem às questões de gestão, administração, planejamento e procedimentos. Por seu talento ser sobressaliente, por um período considerável a empresa cresce, muitas vezes em uma velocidade acelerada, o que faz com que esse sócio, que geralmente é a figura principal da empresa, fique mergulhado em operações do dia a dia de vendas, produção, entrega, atendimento aos clientes e demandas dos seus colaboradores e fornecedores, “deixando de lado” às questões financeiras, contábeis, de planejamento, jurídicas. Muitas vezes, sua vida pessoal se mistura às rotinas da empresa, já que para alavancar a empresa do zero, em muitas situações, ele dedica 12, 14, 16 ou mais horas do seu dia por anos.

No caso de dois ou mais sócios, mesmo um deles sendo responsável pelas rotinas do administrativo e do financeiro, em muitos casos, ele também se ocupa de operações da rotina, do dia a dia, que consome todo o seu tempo e energia, não restando nem alguns minutos para que ele se dedique a criar processos, fluxos, controles, documentos que os ajude na manutenção de uma governança, mesmo que de forma simplificada. O resultado: a gestão e a governança da empresa se descolam da real necessidade do momento dela.

Uma dica que podemos oferecer quanto ao start na implantação da governança é não esperar o cenário ideal e nem tentar encontrar a ferramenta ou sistema perfeito para começar. Comece pelo pequeno, pelo dia a dia, estabelecendo uma cultura organizacional baseada na verdade e respeito.

Se na gestão da sua empresa você já se preocupa com a prestação de contas, disseminação de informações, comunicação clara e não violenta, estabelecimento de regras básicas e justas de relacionamento entre seus colaboradores, sócios e fornecedores, cuidando da segurança das informações trocadas, e todos os envolvidos com a organização tem zelo e cuidado com a reputação da sua marca, seus stakeholders e seus ativos, você já está no caminho certo. Agora é evoluir, organizar, distribuir os “papéis” e responsabilidades de todos, estabelecer e acompanhar planejamento estratégico, metas e KPI´s, cuidar dos processos e controles, e constituir um conselho consultivo para te apoiar nesta jornada transformadora.

Estabelecer a governança, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas para empresas grandes, ela é para todas as empresas, desde Startups até empresas centenárias de todos os setores. Ela deve ser implementada de “mãos dadas” com a cultura familiar, ser comunicada para todos e praticada por todos, sem exceção.

Conte conosco nesta caminhada e vamos voar alto!

Marina Kim é fundadora da Lis Solutions Consultoria, empresa especializada em consultoria em gestão, planejamento estratégico, governança e sucessão para PME´s e ONG´s. Formada em Administração com ênfase em Hotelaria pela Anhembi Morumbi e em Administração com ênfase em Comércio Exterior pelo Mackenzie, com MBA em Finanças pela FIA, formada pela Fundação Dom Cabral (FDC) no Programa de Desenvolvimento de Acionistas e Conselheira Certificada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), mesmo pertencendo a uma família de empresários, começou sua carreira trabalhando em grandes empresas como Granero Internacional, Citibank e E&Y, pois acredita que a diversidade de experiências fazem dela uma profissional mais completa. Nessas empresas, trabalhou nas áreas de logística, importação e câmbio, planejamento estratégico e finanças. Mais de 15 anos de experiência em gestão de empresas próprias e familiar, suas principais habilidades são: desenvolver pessoas, mapear áreas, organizar processos e fluxos administrativos, financeiros, contábeis e RH e DP, criar controles, orientar cada membro da organização em relação aos seus papéis, pensar missão, visão, valores e propósito, elaborar ações para que o propósito chegue em todos os stakeholders alinhados com premissas possíveis de sustentabilidade e governança, sempre com o foco em pessoas, traçar planejamento, definir metas e objetivos e mapear plano de ação. No 3° setor, atua há mais de 30 anos e hoje é Presidente do Conselho Consultivo do Movimento Conexão Favela, formadora do programa Poder de Escolha, escolha empreender do Generas – FEA USP e embaixadora do programa Santa Plural. Contribui com seus textos para o Instituto Empresa DE Família desde janeiro/2022.

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