Será que sua empresa terá os talentos para recuperar sua curva de crescimento? Estamos perdendo pessoas em velocidade maior que as encontramos, no mínimo para manter uma perspectiva de crescimento. A liderança na empresa de família precisa garantir que isso se reverta, e nisso ela pode ser bem melhor.
O mercado de trabalho tem mostrado sinais de reaquecimento em certos segmentos e em alguns estados. De acordo com o cadastro (CAGED), o Rio recuperou aproximadamente 8 em cada 10 postos de trabalho perdidos após o início da pandemia. Mas a realidade de muitas empresas não é fácil de se lidar, como se fosse uma simples estatística.
Um número muito maior de empresas está sofrendo para recuperar sua curva de crescimento, e a causa disso é a perda de talentos importantes para outras empresas, para o empreendedorismo, para sabáticos, mudanças de Estado e mesmo a emigração para outros países. O que tudo isso significa para a sua organização, uma Empresa DE Familia?
Risco. Aumento de custos. Exposição. Vulnerabilidades. Nada acalentador.
Nossos colegas empresários norte-americanos encontram-se talvez em situação pior. Na Harvard Business Review (With So Many People Quitting, Don’t Overlook Those Who Stay by Debbie Cohen and Kate Roeske-Zummer, October 01, 2021), a situação apontada é alarmante. O que está sendo chamado agora de “A Grande Renúncia” é real e está acontecendo. O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos relata que durante os meses de abril, maio e junho de 2021, um total de 11,5 milhões de trabalhadores abandonaram seus empregos. E ainda não acabou. De acordo com a pesquisa da Gallup, 48% dos funcionários estão procurando ativamente fazer uma mudança e, de acordo com a pesquisa da Personio, quase 1 em cada 4 fará isso nos próximos seis meses. Aqueles que procuram novas oportunidades encontrarão oportunidades maduras; em junho, os EUA atingiram o maior recorde histórico de 10,1 milhões de vagas de emprego.
O que tudo isso significa para você no Brasil? Um bom sinal de alerta para o problema, independente de nossa economia e situação de nível de emprego. Muito provavelmente sua empresa tenha perdido talentos nos últimos dezoito meses. E de alguma forma, a demanda pelos seus serviços e produtos está se recuperando. E o gestor da empresa, seja você ou um profissional não familiar, está lidando com duas necessidades prementes: contratar para preencher as pessoas que saíram e contratar novas pessoas para apoiar o crescimento dos negócios. A escassez de gente qualificada, pronta, competitiva, é real – poucas (boas!) pessoas para muitos empregos.
Concordo com os autores que também por aqui a melhor maneira de estabilizar seus negócios é estancar as perdas e aumentar sua retenção. Pense um pouco comigo:
O grupo que ficou durante a tempestade é o que continua a aparecer dia após dia e assume o trabalho que precisa ser feito. Pense no que essas pessoas precisam agora: ser vistos por quem são e com o que estão contribuindo. É seu trabalho como líder garantir que eles recebam o reconhecimento que merecem. Evite pensar:
“Ficaram dois anos sem aumento? Deveriam ser gratos por não terem perdido seus empregos.”
Quero aqui fazer então mais uma provocação para os sócios e gestores de Empresas DE Familia: será que a percepção de todos os funcionários é de que todos compartilharam a dor provocada pela pandemia? É possível que funcionários e gestores tenham recebido tratamento diferenciado, em favor daqueles que são parte da família? Foram se acumulando tensões em função de desequilíbrio de poder, assimetria de informações sobre a real saúde da empresa, e confusão de papéis?
Aqui me permito um parêntesis. Em uma recente enquete, o Instituto Empresa DE Família perguntou, entre quatro temas, qual o mais difícil em obter consenso no ambiente da família empresária. O resultado: 50% dos respondentes apontaram a descrição dos papéis. Seja sua inexistência documental, seja na ocupação de postos por familiares eventualmente julgados inaptos por seus parentes, herdeiros de cotas ou já cotistas.
E nós entendemos: como sócios da empresa, empregadores, líderes, gerentes profissionais, vocês têm lidado com muitas incertezas e mudanças. E pelo fato de que é a EMPRESA o motor gerador de riqueza para a família, para os empregados e para a sociedade como um todo, cada membro da família empresária tem a responsabilidade de zelar pela sua longevidade, independente do grupo a que pertença. Cada um tem que abraçar o seu papel na construção da percepção e divulgação do negócio familiar.
Portanto, vou comentar as quatro iniciativas sugeridas pelo artigo, e agregar uma quinta:
Quais seriam as outras quatro iniciativas e como se ajustam para o ambiente da empresa da família?
1. Esteja ciente de seu impacto.
Como líder, as pessoas estão observando você o tempo todo, quer você perceba ou não. Portanto, pare e considere como você está aparecendo tanto em suas palavras quanto em suas ações. Os americanos tem um nome para isso: “Walk the talk”
Seus funcionários que não pertencem à família podem estar mais preocupados, portanto o sócio-gestor deve observar como se transmite suas próprias preocupações e frustrações, e como estas são vividas pelos outros. Minha recomendação: equidade total de tratamento, com transparência. Nunca aumentar o medo e a incerteza deles.
2. Concentrar-se no potencial e na possibilidade de ganhos.
Pode ter havido uma série de perdas no passado. Quem sabe um pouco de pragmatismo misturado com um olhar no futuro, com gratidão e reconhecimento pelo que seu time está passando. Diante de desafios de reter talentos ou ter que ir ao mercado em busca de novos rostos, pergunte aos seus colaboradores envolvidos com o desafio:
- O que você vê como o melhor resultado possível para esta situação?
- O que pode trazer de aprendizado ou crescimento nisso?
- O que isso dá a você / à equipe / à organização, em termos de oportunidade?
3. Aceite que alguns vão mesmo sair.
Falando sobre comunicação, olhe como você e outros na organização tratam as pessoas quando elas saem. Em muitas empresas, quando um funcionário avisa, a reação é semelhante a um rompimento emocional – você foi abandonado e se sente rejeitado. Isso desencadeia um comportamento nada bom, como uma tendência de interpretar a pessoa que está saindo como sendo a “errada” e duvidar de sua confiabilidade ou integridade – mesmo que não fosse o caso antes de ela dar o aviso.
Não é recomendável. O que esse tipo de comportamento sinaliza para o funcionário que está saindo, e mais: lembre-se daqueles que permanecem e que estão observando.
4. Dê aos seus funcionários o respeito e a atenção que eles merecem
O mercado de talentos vem mudando. Não concordo com os autores que sugerem em pensar em seus funcionários como clientes. Eles pertencem a outra categoria – praticamente de sócios na jornada da empresa, estão remando junto com você. Cliente é outra coisa.
Agora a quinta dica, essa nossa:
Reduza aquele desconforto silencioso que tanto incomoda tanto o ambiente familiar como na empresa, aplicando o Modelo dos 3 Círculos: Com este modelo – criado e utilizado há mais de 40 anos com muita efetividade – adequadamente compilado, teremos como garantir que todos os atores que orbitam ao redor do empreendimento familiar sejam considerados.
E ainda, uma recomendação bonus:
na similaridade com a atitude em relação a clientes, é que o gestor deve sim dedicar muita atenção para retê-los. Este é um ótimo primeiro passo para diminuir a rotatividade e recuperar sua chance na curva de crescimento.
Finalizando, acredito que as empresas de família tem uma oportunidade muito maior que empresas multinacionais, de capital aberto e pulverizado, pois trazem consigo uma coisa que pode ser bonita, poderosa, acolhedora e humana que é a família. E que todas as emoções positivas que dela emanam podem ser canalizadas para o bem comum, aplicadas para perenizar a empresa. E que um passo do caminho que não pode ser “pulado” é a clara definição dos papéis.
Você pode contar comigo como consultor, conselheiro, e com os demais associados do Instituto Empresa DE Família para ajudá-los a utilizar o Modelo dos 3 Círculos e juntos pavimentar o caminho para a longevidade de seu empreendimento familiar. Vamos em frente! Agende uma conversa com um de nós agora!
Marcos A. Rittner – MBA – IBMEC em Mercado de Capitais. Engenheiro Aeronáutico pelo ITA- Instituto Tecnológico de Aeronáutica – Profissional com mais de 30 anos de carreira executiva em Gestão, Consultoria, Vendas e Estratégia de empresas multinacionais e nacionais dos segmentos de Tecnologia, Serviços e Indústria Pesada. Criador da Metodologia de Diagnóstico Empresarial, descrito em seu livro sobre Recuperação de Empresas. “A corda”, publicado em janeiro de 2017, disponível também em formato Kindle.
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