Segundo Pía Bartolomé, psicóloga chilena mestre em comportamento do consumidor, “é tão natural como prejudicial o costume do ser humano que faz distinções para separar ao invés de para unir. Nessa dinâmica dividimos, rotulamos e muitas vezes excluímos alguns membros da família, resultando não apenas em danos, mas também em uma grande redução de possibilidades.”
Em muitos sistemas, organizações e famílias há esse lugar de honra, aquela posição desejável ou atributo que poucos conseguem ocupar; seja por mérito pessoal, por habilidades de algum tipo, por obrigação ou porque não há nenhum integrante mais qualificado. Dessa forma, aqueles que estão nesses lugares estão “dentro” e aqueles que não estão, infelizmente, “fora”. O mesmo acontece nas famílias empresariais: alguns membros estão dentro porque fazem parte da sociedade e/ou da gestão do negócio, enquanto outros simplesmente fora dela.
Em nossa experiência, notamos que os “de fora” muitas vezes reclamam de não se sentirem parte da empresa e até da família, de serem menos informados, porque os “de dentro” – por estarem tão envolvidos – não reparam o que aqueles que não sabem e gostariam de saber, e de se sentirem atropelados pelos parentes gestores, aqueles que muitas vezes os percebem apenas como interferência.
Por outro lado, os “de dentro” que têm o poder e o status para tomar decisões importantes – causando dúvidas nos “de fora” – são aqueles que carregam um fardo pesado, muitas vezes sozinhos e não reconhecidos pelos demais que nem sequer conhecem o martírio, que dizem, têm que viver. Alguns, é claro, querem mais liberdade de ação e outros, mais controle ou monitoramento, gerando algumas tensões.
Dependendo do lugar do observador, apontamos “vilões” ou “vítimas”, mas isso só aprofunda uma falsa polarização. Então paremos com isso! É imperativo entender que somos todos igualmente valiosos, importantes e necessários.
Sabemos que não há nenhum membro da família igual a outro. São suas diferenças de temperamento, competências, interesses e história que enriquecem esse complexo sistema, compondo a riqueza socioemocional da família. A Dra Bartolomé Identificou que os “de fora” tendem a ser mais orientados para a família e na tomada de decisões emocionais ou relacionais; enquanto os “de dentro” tendem a ser mais orientados para os negócios e tomar decisões mais racionais e econômicas. Ambos os aspectos são muito importantes. Problemas surgem quando alguém não encontra seu lugar, ou mais de um quer a mesma posição ou ainda quando alguém se sente obrigado a desempenhar um papel que não quer.
É verdade que alguns membros parecem brilhar mais do que outros, mas tudo na vida contempla tanto o doce quanto o azedo e cada papel tem seus prós e contras, seus direitos e obrigações que temos que cuidar.
Então, sejamos generosos em fazer o que está em nosso poder para que todos se sintam parte do projeto e tenham sua oportunidade e consciência de que cada um busque encontrar o seu próprio lugar de honra.
Um começo é reconhecer que não há um único lugar, aquele percebido como do super-homem: filantropia, trabalho comunitário, inovação, sustentabilidade, contenção e união da família são apenas alguns exemplos valiosos de outros enfoques que alimentam os negócios.
Quantos conflitos evitaríamos se soubéssemos que éramos complementos um para o outro? E o quanto mais incrível seria, como uma família, se colocássemos em prática! Para isso, compreender a qual grupo do modelo dos 3 círculos cada um pertence e a partir daí os papéis de cada membro é um começo de um processo de elevação das relações familiares, empresariais e de gestão do negócio da família rumo a perenidade.
Não se esqueça que aqueles “de fora” cederam aos “de dentro” algum papel de liderança no negócio, mas não cederam o negócio nem a propriedade e, nunca, liderança no parentesco que os une.
Helder de Azevedo MSc, CCA IBGC, CCC Celint e BRA
Idealizador do Instituto Empresa DE Família, é também CCA IBGC – Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC, onde contribui nas comissões de Conselho de Administração e no Grupo de Trabalho do Agronegócio; Conselheiro Consultivo Certificado pelo Celint e pela BRA Certificadora, onde também ministra o módulo de estratégia e de planejamento orçamentário no Curso de Formação de Conselheiros Consultivos; e associado da ABC³, onde contribui com duas comissões temáticas. Atua como Conselheiro Consultivo na AR70 Corporation e foi Conselheiro Fiscal da Neoenergia/CELPE. Membro do IFERA – International Family Enterprise Research Academy. Mestre em Governança Corporativa com pesquisa em Empresas Familiares e autor do livro Empresa de Família – uma abordagem prática e humana para a conquista da longevidade publicado pela Saint Paul Editora em agosto/2020, disponível também em formato eletrônico, Kindle e outros.
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