Empresa e Família: Raízes e Asas

As Empresas Familiares têm lá as suas particularidades, e armadilhas.

(por Beatriz Brito)

Certa vez ouvi de alguém que tenho muito apreço e consideração: os filhos precisam de raízes e asas, foi marcante. Na época creio que não entendi muito bem o que aquilo realmente significava, era bem jovem, ainda hoje há espaço para construir vários outros significados, apenas sei que foi uma daquelas frases, das muitas que reverberam na mente e que mesmo sem total consciência dão direção e ancoram decisões.

Naquele momento também ainda não era mãe nem trabalhava com desenvolvimento humano, menos ainda apoiando empresas familiares, herdeiros, sucessores e executivos. Recentemente esta frase voltou com muita força, acordada por eventos em alguns clientes, dois em especial.

A empresa familiar é berço da família, onde aprendemos a ser quem somos, nos constituímos como indivíduos, consolidamos uma identidade. Há famílias que oferecem um bom contexto para que estas experiências aconteçam e para que as asas possam crescer fortes e saudáveis. Outras, por sua vez, e por diversas razões, conscientes ou inconscientes, cortam as asas logo ao nascer, jamais poderão deixar o ninho e assim seguir alimentando seus pais, seja lá qual for a necessidade deles.

As asas são para voar e trilhar seu próprio caminho, escolher sua profissão, com quem namorar e casar, onde morar, acertar e errar, construir seu lugar no mundo, estabelecer suas relações, simplesmente poder “ser”. Prepare-se, se desejar, para suceder!

As raízes são os valores que vamos aprendendo na relação com os familiares e no contexto social que vivemos, os nossos ancestrais, suas e nossas histórias que nos trouxeram até aqui e nos fizeram ser quem somos. Tatuagem na alma e no coração que independente de onde estejamos fisicamente, estará sempre presente e, com força, norteando a direção e as decisões. É a essência da família em cada um de nós. O maior legado que podemos deixar e a certeza que temos para onde voltar. 

Parece um tanto banal, mas “ser” alguém, na essência da palavra não é tarefa fácil para integrantes de empresas familiares. Estes já nascem recheados de expectativas, papéis, projetos que não são seus, mas que precisam ser executados para atender a uma ou mais pessoa. Recentemente um cliente me fez lembrar de um conceito de Donald Winnicott, pediatra e psicanalista inglês – sobre o falso self onde “as expectativas de outras pessoas podem se tornar de suprema importância, sobrepondo ou contradizendo o senso original de si, aquele ligado às raízes do próprio ser”. Somando experiências ao longo da vida, a pessoa aprende que é preciso se submeter para sobreviver, em todos os aspectos, e torna-se vazio, com pouco ou quase nenhum espaço para si mesmo. Uma vida com menos sentido e recheio. 

Esconder-se é um prazer, mas não ser encontrado é uma catástrofe

Donald Winnicott

Já havia pensado sobre isto? Vamos conversar sobre seu papel no futuro de sua empresa de família? Escolha aqui um horário de sua conveniência.

Beatriz Brito possui uma formação pessoal e profissional única, uma combinação de experiências em grandes empresas como executiva, consultoria, como especialista de desenvolvimento humano, terapeuta de família e sócia de empresa familiar. Com passagem por empresas como Citibank, ABN-Amro Bank, ICTS Global e Alelo, nas últimas duas como Executiva de Recursos Humanos, atuou como Consultora, Coach e Conselheira de Empresa Familiar. Prepara e conduz projetos de Desenvolvimento de Liderança, Programas de Desenvolvimento Organizacional, Gestão de Mudança e Cultura e em especial apoiando Empresas Familiares a planejarem e se prepararem para o futuro. É mentora voluntária do Projeto Mentoria Colaborativa IVG – Nós por Ela em sua 7ª edição.

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3 Comments
  1. A fascinating discussion is definitely worth comment. I think that you ought to write more on this issue, it may not be a taboo matter but typically people dont discuss these topics. To the next! All the best!!

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