A nova abordagem de investimento para famílias empresárias

Como conciliar a busca pela continuidade dinástica em tempos de constantes, intensas e erráticas transformações? Em um momento em que as famílias empreendedoras expressam necessidades cada vez mais heterogêneas, financeiras e não financeiras, que nem sempre podem ser satisfeitas por um único tipo de organização societária e familiar; torna este tema absolutamente relevante, ainda que pouco explorado.

Na conferência internacional do IFERA/2021 (International Family Enterprise Research Academy), da qual faço parte, este tema foi debatido em uma mesa redonda com a participação de 5 PhD’s proeminentes do estudo e pesquisa de famílias empresárias e seus investimentos. Resumimos aqui os principais temas apontados como emergentes a serem considerados pelas famílias que se pretendam investidoras longevas.

  1. A ideia de que o patrimônio familiar pode ser facilmente preservado ao longo do tempo: Hoje não é mais tão óbvio. Imagine, por exemplo, nas taxas baixas ou mesmo negativas de algumas classes de investimento tradicionalmente favorecidas pelas famílias. Por isso, é necessário adotar uma perspectiva de propriedade, que leve em conta separadamente os bens familiares e os ativos da empresa e defina métodos concretos para evitar que os ativos sejam esgotados ao longo do tempo. Isso explica em grande parte a tendência crescente das famílias de fazer investimentos empreendedores que envolvam maiores riscos, mas também ofereçam potencial de ganhos significativos no longo prazo. Estudos realizados pelo Politecnico di Milano e pela Universidade de Bolzano revelaram que uma família empreendedora que opera como família investidora tem uma influência importante nas estratégias de investimento, levando à preferência de investir em atividades empreendedoras, pois estas representam uma forma de perpetuar o espírito empreendedor dela, e usualmente possuem um potencial de rentabilidade muito superior àquelas classes de investimentos conservadores. Para compreender o caminho de uma família gestora a uma família investidora, tenha seu modelo evolutivo adequadamente estruturado.
  2. Investimentos diretos: continuam sendo uma abordagem de investimentos que as famílias empresárias gostam cada vez mais de se concentrar. Mas cuidado, nem todas as famílias estão prontas e suficientemente estruturadas para realizar tais investimentos. Nesse sentido, algumas tendências interessantes podem ser notadas, como como famílias estão aplicando em outras empresas familiares, buscando fornecer capital para aquelas em maior dificuldade durante a crise. Conheça como sua família influencia as empresas que ela investe com a Escala F-PEC.
  3. Horizonte temporal dos investimentos: Como sabemos, as famílias empreendedoras têm um horizonte de tempo de longo prazo, que também se reflete nas suas estratégias de investimentos e representa um diferencial ainda mais importante em comparação com outros tipos de investidores. Este fenômeno é também demonstrado na Escala F-PEC.
  4. Famílias e seus bens estão se tornando cada vez mais móveis: durante a pandemia muitas holdings familiares migraram suas sedes para jurisdições mais favoráveis do ponto de vista fiscal. Outro fenômeno particularmente afeito às gerações mais jovens, no nomadismo digital favorece ou até impõe que uma relação mais fluida com os investimentos e com as empresas. Estes fenômenos demandam maior formalismo particularmente nos aspectos de definição e distribuição dos papéis e o monitoramento, de formar a evitar um potencial conflito de interesses que possam surgir, por exemplo, se um membro da família tem poder sobre o destino de investimentos e na gestão de empresas investidas. Para identificar claramente as lacunas nestes aspectos, aplique as 5DSL – As cinco dimensões sociais da longevidade. Assim fazendo você pavimentará o caminho para a conquista do melhor deste novo mundo.
  5. Sucessão: A atuação da família como investidora facilita a compreensão e a estruturação de liquidez parcial, por exemplo, o que pode representar uma saída para as famílias empreendedoras em que a nova geração não se reconhece com os setores tradicionais e com os negócios atuais da família. É natural o interesse crescente nas startups inovadoras; mas também muitas vezes há uma forte aversão ao risco e uma dificuldade objetiva em encontrar as habilidades para gerenciar tais operações. Da mesma forma, as novas gerações demonstram muito interesse em investimentos com impacto social ou ambiental; ou minimamente desejam interferir nos negócios atuais para torná-los mais aderentes aos Principios ESG. Sucessão é abordada tanto na aplicação da Escala F-PEC como nas 5DSL – as cinco dimensões sociais da longevidade.

Desenvolver modelos de governança que garantam o equilíbrio adequado é central. A necessidade de novas gerações de famílias empreendedoras estarem envolvidas em atividades relacionadas aos investimentos da família é premente. Para que isso aconteça, é importante notar que o foco não deve ser somente aquele dos investimentos, mas uma dinâmica pela qual uma família empreendedora possa garantir sua continuidade dinástica.  Pensar em “legado empreendedor” em vez de ativos financeiros fará a diferença. Garantir a continuidade e o crescimento do valor investido deve ser uma prioridade para as famílias empreendedoras e os caminhos de treinamento e desenvolvimento desempenham um papel fundamental na busca desse objetivo.

O Instituto Empresa DE Família tem as metodologias e os profissionais adequados para apoiar as famílias da estruturação sólida deste caminho. Receba nossa resenha mensal em seu email. Fale conosco.

Helder de Azevedo

Helder de Azevedo MSc, CCA IBGC, CCC Celint e BRA

Idealizador do Instituto Empresa DE Família, é também CCA IBGC – Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC, onde contribui nas comissões de Conselho de Administração e no Grupo de Trabalho do Agronegócio; Conselheiro Consultivo Certificado pelo Celint e pela BRA Certificadora, onde também ministra o módulo de estratégia e de planejamento orçamentário no Curso de Formação de Conselheiros Consultivos; e associado da ABC³, onde contribui com duas comissões temáticas. Atua como Conselheiro Consultivo na AR70 Corporation e foi Conselheiro Fiscal da Neoenergia/CELPE. Membro do IFERA – International Family Enterprise Research Academy. Mestre em Governança Corporativa com pesquisa em Empresas Familiares e autor do livro Empresa de Família – uma abordagem prática e humana para a conquista da longevidade publicado pela Saint Paul Editora em agosto/2020, disponível também em formato eletrônico, Kindle e outros.

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