A assimetria, o sofrimento e a governança

O infinito dos formatos das ondas do mar e sua vastidão nos ajudam a refletir, e abrem nossas mentes para melhores soluções. A cabeça atormentada por problemas, como é comum para os empreendedores neste país desafiador, tem mais dificuldades para encontrá-las. Suas agendas ocupadas usualmente os afastam do pensamento na perenidade de sua empresa.

Seja a empresa do amigo que convida para o almoço do sábado, seja a empresa que emprega uma amiga, pensamos no bem que todas trazem para a sociedade e que nos permitem os luxos do lazer.

Ao considerar no que melhor fazer para apoiar estas empresas e suportar a sua longevidade, na escala de gravidade dos problemas a atacar de frente, nossa experiência aponta para os seguintes:

  1. Risco iminente de insolvência da empresa
  2. Estratégia confusa ou inexistente
  3. Gestão inepta ou desalinhada com interesses dos sócios
  4. Polarização entre sócios e conflitos que ameacem a sociedade

Qual deles, a você como socio, traria mais preocupação? E qual deles você consideraria o mais grave, e com o qual você se sentiria mais desamparado ou incapaz de resolver? Talvez as respostas para essas perguntas sejam diferentes problemas.

Recentemente, um cliente nos confessava ter outros três sócios, e narrava suas mazelas bastante contrariado. Vou listar aqui os sintomas e as consequências, e deixo ao leitor identificar quais os problemas principais da lista (a, b, c ou d) tiravam aquela pessoa de seu estado de calma.

  • Um de seus sócios, que é também o diretor geral, tem todo o conhecimento do negócio ao passo que os outros cotistas possuem menor acesso à informação, sendo difícil para meu cliente entender “o todo” do negócio.
  • Meu cliente se percebe sempre excluído de decisões importantes na empresa, que invariavelmente contrariam seus interesses, pois outros dois cotistas (incluindo o diretor geral) tem a maioria das cotas de participação.
  • Às vezes ele vê vantagens injustas serem concedidas a partes interessadas, mas nada pode fazer.

Desenha-se um cenário típico no qual estes tópicos devam ser abordados com a ótica da equidade e da assimetria, tema deste artigo. Sem dúvida nosso cliente enfrenta o desafio em endereçar um problema que é responsável pela mortalidade empresarial da maioria delas – os conflitos entre sócios – na gestão e no comportamento societário.

Será a pessoa do nosso cliente a única parte incomodada com este desequilíbrio ou assimetria de informações e poder de decisão? Talvez, ao ouvir seus sócios numa entrevista de diagnóstico, eu perceba que aqueles que têm o poder para tomar decisões importantes sentem-se carregando um fardo pesado, sozinhos, não sendo reconhecidos pelos demais. Podem até querer mais liberdade de ação. Como equilibrar isso com o desejo de outros, que querem mais controle e/ou monitoramento do sócio-diretor?

Existe solução para isso, usando uma disciplina que dezenas de milhares de empresas desconhecem os detalhes e talvez nem entendam a verdadeira intenção. Um nome complicado, mas de aplicação objetiva, direta e sem ambiguidades. Chama-se Governança Corporativa (GC), e sim, se aplica a grandes corporações de capital aberto como a Vale ou a Gerdau, e pelos mesmos motivos, a GC se aplica a médias e pequenas empresas como a de serviços gerais deste meu cliente, com quatro sócios e quinze funcionários.

Uma das boas práticas de GC passa pela elaboração e assinatura de um bom acordo de acionistas/cotistas, o qual deve contemplar todas as preocupações dos minoritários com relação ao poder de decisão dos majoritários. Idealmente, antes de grandes conflitos se instaurarem; o quanto antes, melhor, pois o Acordo de Cotistas é um documento primordial para suportar a longevidade de uma sociedade empresarial.

Existem várias outras ferramentas que permitem a qualquer empresa estabelecer melhores práticas de GC, mas um grande erro seria achar que o que se aplica na Petrobrás deve ser literalmente aplicado à empresa de nosso cliente. Há tempos se notou que tipos de sociedade diferentes, de tamanhos diversos, demandam soluções mais customizadas, especificas. Elas existem, e os convido a conhecerem mais aqui.

Para resolver o problema deste cliente e de outros milhares de empreendedores e sócios, aonde queremos chegar com a governança das empresas é um lugar onde todos os cotistas têm acesso a mesma quantidade de informações daqueles que decidem nas reuniões (eliminando-se a assimetria), com direitos equivalentes à sua participação na sociedade (equidade), protegendo os interesses dos minoritários e majoritários.

Quando começar? Agora.

Como? Estudando o assunto. Consultando um especialista.

Iniciando por um diagnóstico robusto da Gestão (como o que publiquei no meu livro A Corda, o dos 10P) e da Governança do Instituto, o 5DSL.

Traçando um caminho viável, em termos de atividades e de custos, antes dos conflitos começarem a destruir o valor da empresa ou antes que alguns tentem sair da sociedade provocando uma venda de cotas em momento e valor desfavorável; constrói-se uma Governança sólida, objetiva e geradora de valor.

Marcos Rittner

Marcos A. Rittner – MBA – IBMEC em Mercado de Capitais. Engenheiro Aeronáutico pelo ITA- Instituto Tecnológico de Aeronáutica – Profissional com mais de 30 anos de carreira executiva em Gestão, Consultoria, Vendas e Estratégia de empresas multinacionais e nacionais dos segmentos de Tecnologia, Serviços e Indústria Pesada. Criador da Metodologia de Diagnóstico Empresarial, descrito em seu livro sobre Recuperação de Empresas. “A corda”, publicado em janeiro de 2017, disponível também em formato Kindle.

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